Quem disse que grávida não pode se exercitar?

Dra. Daniela Santini

A gravidez é uma fase especial na vida das mulheres. As mudanças são tantas que tudo parece proibido ou precisa ser aprovado pelo obstetra. Para tentar elucidar algumas das questões que podem surgir neste período da vida da mulher e entendermos melhor qual o papel da atividade física, especialmente do Método Pilates na vida da gestante, entrevistamos a fisioterapeuta, Dra Daniela Santini graduada pela Universidade Luterna do Brasil – ULBRA (2008), formada no Método Pilates pelo PhysicalMind Institute® de Nova Iorque/  DeMarkondes Pilates® e em Gyrotonic®, além de diversos cursos na área da terapia manual.

Quais são os benefícios da prática de atividade física durante a gestação?

Daniela: São muitos os benefícios da prática moderada de atividade física na gestação. Vale a pena destacarmos:  o controle do peso, melhora das condições circulatórias, prevenção da diabetes gestacional, prevenção de lombalgias, melhora do equilíbrio e consequente prevenção de quedas, melhora da saúde mental e emocional da gestante, podendo até prevenir a depressão no puerpério.

Todas as gestantes podem praticar atividades físicas?

Daniela: Não! É fundamental que a gestante seja acompanha por um médico obstetra e tenha a liberação do mesmo. Riscos de parto prematuro, sangramentos uterinos, doenças infecciosas, hipertensão e suspeita de estresse fetal são algumas das contraindicações para a prática de qualquer atividade física.

Qual atividade física é a mais indicada às gestantes?

Daniela: As modalidades mais recomendadas são caminhada, hidroginástica, yoga e pilates.

Qual o benefício do Método Pilates durante a gravidez?

Daniela: A prática dos exercícios de pilates durante a gravidez traz diversos benefícios tanto para a gestante como para o bebê. Ela prepara o corpo da mulher para as alterações posturais e fisiológicas decorrentes da gestação, como: lombalgias decorrentes da má postura devido ao peso da barriga, falta de equilíbrio pela instabilidade do quadril, má circulação nos membros inferiores, incontinência urinária por esforço, entre outras. A melhora da respiração e da postura, proporciona uma sensação de bem-estar essencial tanto para a mãe quanto para o bebê. Isso, aliado à sensibilidade naturalmente elevada da mulher durante a gravidez, ajuda a gestante a sentir e compreender os limites de cada parte de seu corpo. A atividade ainda proporciona a melhora da circulação sanguínea em todo o corpo, trazendo benefícios tanto para a futura mamãe quanto para o bebê. Um dos resultados visíveis é a prevenção de câimbras e inchaços nas pernas.

1o. Trimestre

Existe diferença na prática do pilates durante o período gestacional e fora dele?

Daniela: Sim. A gestante poderá iniciar os atendimentos desde que tenha a liberação médica, podendo iniciar no primeiro ou segundo trimestre, segundo os critérios de seu obstetra. É importante que a gestante seja acompanhada individualmente ou em pequenos grupos de gestante, isto é, a prática de pilates em grupos heterogêneos não é indicada. Em cada trimestre, o método pilates será direcionado as necessidades exclusivas da gestante.

Explique melhor qual a diferença em cada um dos trimestre da gestação.

Daniela: No primeiro trimestre iniciamos a percepção e fortalecimento da musculatura do abdômen e do assoalho pélvico, que auxiliará na realização do parto normal. Neste trimestre, os movimentos escolhidos são mais leves devido ao risco de abortos espontâneos e por vezes, indisposição da gestante por desconforto gástrico, sonolência e fadiga, enfim, o objetivo é  promover o bem estar global da gestante, estimulando a respiração, que também beneficiará o bebê com a melhor oxigenação do organismo da mãe.

O segundo trimestre é o momento de maior liberdade para a prática, os desconfortos e riscos do início da gestação estão controlados e ainda não há o crescimento muito grande do feto. Movimentos que promovam o fortalecimento da região abdominal, do assoalho pélvico, dos braços e pernas são muito bem vindos. Os movimentos realizados em pé ajudarão a melhorar o equilíbrio e prevenir as quedas que podem

  

2o. Trimestre

ocorrer no terceiro trimestre. Alongamentos das costas e região posterior das pernas poderão auxiliar no alívio das tensões. A melhora do alongamento e equilíbrio na região da coluna, principalmente na lombar, desempenham um caráter preventivo, já que a maioria das dores  são ocasionadas pelo despreparo da musculatura para sustentar o aumento de carga gerado pelo novo tamanho do ventre e dos seios.

3o. Trimestre

Durante o terceiro trimestre, o crescimento mais expressivo do feto ocasionará importantes mudanças na postura e na marcha da gestante. Deve-se evitar que a gestante deite-se de “costas” por

3o. Trimestre

Um período prolongado, pois o peso do feto pode pressionar a veia cava diminuindo a pressão arterial, faltando assim oxigênio para a mãe e para o feto, o que pode ocasionar desmaios ou vômitos.
 Neste período é muito comum que as gestantes tenham muitos edemas em suas pernas, portanto movimentos que auxiliem no retorno venoso são altamente indicados. A otimização de padrões respiratórios inadequados, que melhoram a sensação de cansaço; a ativação de músculos do tronco e abdome (que trabalham quando respiramos profundamente) e a melhora da consciência corporal, além de melhorar a postura ajudarão a acalmar e relaxar a gestante.

3o. Trimestre

Pode ser necessário interromper a prática do pilates?

Daniela: Diante de qualquer sinal de cansaço, dor, falta de ar ou tensão acentuada, toda e qualquer atividade física deve ser interrompida imediatamente.

E após o parto, quando a mulher pode voltar a praticar pilates?

Daniela: Quem fez Pilates ou qualquer outra atividade física antes do nascimento do bebê tende a ter uma recuperação no pós-parto mais acelerada. A volta às atividades varia de pessoa e irá depender da forma
do parto. Após o parto normal, a recuperação será mais rápida, após a cesária, a recuperação é mais prolongada devido à cicatrização do corte e das dores decorrentes do procedimento cirúrgico. Em média, a recuperação varia entre 30 e 40 dias. O retorno ao pilates será determinado pela liberação do médico responsável.

A Dra. Beatriz Firmento também colaborou com nossa matéria disponibilizando 2 artigos científicos que publicou em revistas indexadas, abaixo seguem os links dos mesmos.

Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia
ALBINO, Maria Alice Seghessi et al. Modificações da força de propulsão da marcha durante a gravidez: das alterações nas dimensões dos pés. Rev. Bras. Ginecol. Obstet., Jul 2011, vol.33, no.7, p.164-169. ISSN 0100-7203
http://www.scielo.br/pdf/rbgo/v33n7/a08v33n7.pdf

Fisioterapia e Pesquisa

FIRMENTO, Beatriz da Silva; MOCCELLIN, Ana Silvia; ALBINO, Maria Alice Seghessi  and  DRIUSSO, Patricia. Avaliação da lordose lombar e sua relação com a dor lombopélvica em gestantes. Fisioter. Pesqui. [online]. 2012, vol.19, n.2, pp. 128-134. ISSN 1809-2950.

http://www.scielo.br/pdf/fp/v19n2/07.pdf